Texto 6 - Blog Nova Paideia





O Grupo Nova Paideia tem a satisfação de contar com a participação da Professora Maria do Rosário Cordeiro Rocha. Ela é Docente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília – IFB e Doutora em Linguística pela Universidade de Brasília – UnB.
O texto intitulado como “A educação formal como estratégia de emancipação” busca nutrir a reflexão acerca de como a educação formal pode contribuir para a emancipação do estudante.
Reitero o convite a todos para que possam realizar uma leitura aprofundada de modo a refletirmos e debatermos via comentários deste Blog. Afinal, é este o propósito deste Blog: Um espaço de debate qualificado que impulsione nossas ideias no campo da educação.

Estejam sempre convidados a produzirem textos para nossas próximas publicações. Mande um e-mail com sua proposta para blognovapaideia@gmail.com.

A educação formal como estratégia de emancipação

              Muito se tem falado de que a educação formal é o único meio de ascensão social para os que não tiveram o privilégio de nascer em “berço de ouro”.  É bem verdade que os exemplos dos que saíram de condições degradantes e conseguiram subir os degraus da pirâmide social comprovam que a escola constitui-se como espaço de possibilidades para os que a frequentam. E a educação profissional, como se comporta entre essas possibilidades?
            A Lei de Diretrizes e Bases - LDB (BRASIL, 1996), estabelece que a educação profissional deve se desenvolver de forma sistematizada em instituições próprias ao ensino, considerando-a no âmbito da educação escolar e articulada à formação básica, como educação básica, conforme Resolução. Por essa razão, necessita ser acessível a todos os brasileiros, promovendo-lhes a formação indispensável ao exercício da cidadania, à participação efetiva nos contextos sociais e produtivos e o prosseguimento na vida escolar.
            Entre as instituições que trabalham com educação profissional, destacamos aqui o IFB, que tem como missão:
Oferecer ensino, pesquisa e extensão no âmbito da Educação Profissional e Tecnológica, por meio da inovação, produção e difusão de conhecimentos, contribuindo para a formação cidadã e o desenvolvimento sustentável, comprometidos com a dignidade humana e a justiça social;
            E cuja visão é: até 2018, consolidar-se no Distrito Federal como instituição pública de Educação Profissional e Tecnológica de qualidade inclusiva e emancipatória, articulada em rede e com a comunidade.
            Tanto a missão quanto a visão do IFB estão em consonância com o disposto na LDB e com o pressuposto de que a educação formal é realmente uma das estratégias para ascensão social, resta saber se no microcosmo da sala de aula essa estratégia está sendo desenvolvida. Tomamos como ponto de reflexão os cidadãos que retornam ao ambiente institucional e manifestam, por meio de participação em um processo seletivo, o desejo de cursar o ensino médio integrado ao curso técnico, ofertado pelo Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos - PROEJA. São, na sua maioria, pais e mães de família que, em decorrência das formas excludentes do ambiente escolar ou por diversos outros fatores que a própria condição social lhes impõem, abandonaram os estudos na idade própria e agora veem, nessa instituição, a chance do retorno e abertura de novas possibilidades.
            Trabalhar com esse grupo, com o objetivo de promover a emancipação social, pressupõe reconhecer suas especificidades, sobretudo, considerando seus saberes produzidos ao longo da vida, por meio de suas experiências individuais e comunitárias. É indispensável não culpabilizar esse sujeito por seus fracassos escolares e por suas dificuldades ou responsabilizá-lo por seus insucessos na realização das atividades acadêmicas. É indispensável reconhecer que o estudante tem direito à aprendizagem e que, ao lado de um direito há um dever. Neste caso, dever da instituição, considerando sua missão, sua visão e, ainda, seus valores: Ética;  Educação como bem público gratuito e de qualidade;  Formação crítica, emancipatória e cidadã; Respeito à diversidade e à dignidade humana;  Promoção da inclusão.
            Negar isso tudo, é colocar esse sujeito em uma sala de aula como expectador de discursos acadêmicos, de conceitos incompreensíveis ou de temas completamente desvinculados de sua realidade. Garantir o direito à aprendizagem exige formas próprias de educação que correspondam às demandas de cada grupo, metodologias adequadas ao público, adequações de linguagens. Nessa perspectiva, os “conteúdos” devem estimular novas leituras, reflexões e pesquisas, proporcionar outros pontos de vista da realidade, ampliar o repertório linguístico e comunicativo. 
            É primordial as práticas de leitura de mundo e de escrita, com os textos que circulam na sociedade, discutindo sua estrutura e seus propósitos. É fundamental considerar a matemática da vida, seus usos e seus efeitos, as contas e os descontos de sua aplicação no cotidiano. É indispensável a geografia, sobretudo, a social, o lugar que esse sujeito ocupa, seu papel em uma sociedade atravessada pela cultura letrada. A biologia deve ser compreendida em sua essência, como ciência da vida, não apenas em seus conceitos, mas nos efeitos que seu conhecimento proporciona. A filosofia deve ser o espaço para o pensar, para o trânsito entre o mundo das ideias e o mundo real, por isso, mais do que discutir os filósofos é necessário ampliar a visão dos estudantes sobre a sociedade em que estão inseridos. É importante que a história sirva como fonte inspiradora para o reconhecimento da constituição de cada sujeito histórico e social que está ali, com formação humana e capaz de escrever uma nova trajetória em suas vidas.
            Os conhecimentos gerais, portanto, ganham sentido, na formação  profissional técnica desse sujeito que já está ou precisa ser inserido no Mundo do trabalho. Assim, todos os conhecimentos construídos na formação escolar  desse estudante convergem para a sua emancipação social, política, econômica, tornando-o um cidadão cada vez mais capaz de transitar nos diversos contextos.

Profa. Dra. Maria do Rosário Cordeiro Rocha
Instituto Federal de Brasília – Campus Gama

Texto 5 - Blog Nova Paideia

Referente a este mês de junho, o Grupo Nova Paideia apresenta mais uma contribuição mensal. Trata-se de texto elaborado pelo professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília, Mestre e Doutorando em Educação pela UnB, Mateus Gianni Fonseca.
O texto intitulado como “Por que ensinamos-aprendemos matemática?" busca argumentar como a matemática é abrangente e possui papel fundamental para resolver problemas oriundos de diferentes áreas.
Reitero o convite a todos para que possam realizar uma leitura aprofundada de modo a refletirmos e debatermos via comentários deste Blog. Afinal, é este o propósito deste Blog: Um espaço de debate qualificado que impulsione nossas ideias no campo da educação.

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Por que ensinamos-aprendemos matemática?

Qual o propósito em ensinarmos e aprendermos matemática? Ou melhor, por que ensinamos-aprendemos matemática nas escolas? Trata-se de questionamento recorrente em meio ao dia a dia por diferentes atores envolvidos no processo educacional. À primeira vista pode-se pensar tratar-se de questionamento retórico, sem necessidade e sequer possibilidade de resposta objetiva e imediata, contudo, podemos encará-lo como uma provocação que nos guia a diversas reflexões acerca dessa área de saber, principalmente no momento atual em que a cada dia surgem diante de nossos olhos estatísticas que mostram o quanto o ensino de matemática, em especial o ensino de matemática brasileiro, figura aquém do esperado.
É sabido que a matemática está em todo lugar e de que sem ela não teríamos computadores, televisores, comunicação a longa distância, entre tantos outros avanços tecnológicos que nos beneficiam. Contudo, o que muitos talvez sequer percebam é que a matemática pode fornecer subsídios para a adoção de diferentes decisões pessoais e profissionais, afinal, a matemática é mais do que apenas um corpo de sequências algorítmicas. Por isso, levantamos a questão: Por quê ensinamos-aprendemos matemática na escola?
Para responder à pergunta indicada no título, podemos dizer genericamente que o ensino-aprendizagem da matemática na escola deve cumprir uma função que vai além da preparação para o ingresso em um curso superior ou de apenas realização de operações aritméticas. Deve auxiliar o sujeito que aprende a melhor compreender e intervir no tocante a problemas diversos, e que estão relacionados a diferentes naturezas, sejam algorítmicos ou não, pessoais e/ou profissionais, individuais e/ou coletivos, pois a cada tomada de decisão o trato com variáveis, a análise de probabilidades, a observação de comportamentos e padrões, entre outros, se fazem necessários. Efetuar uma operação e encontrar uma resposta correta é apenas uma fração da utilidade que a matemática possui. Schoenfeld pontua que:

Eu quero que eles [os alunos] entendam que a matemática não é apenas dominar fatos e procedimentos, mas que é também fazer questionamentos (problematizar) e, em seguida, buscar respostas de forma fundamentada. As estratégias de resolução de problemas são instrumentais para resolvê-los, percebendo os objetos matemáticos e suas relações (SCHOENFELD, 2013, p. 27)

Ensinar-aprender matemática tem sido por muito tempo uma tarefa baseada em repetições de exercícios e fórmulas e é a partir disso que diferentes organizações e pesquisadores vêm defendendo um ensino adequado às demandas que lhes são próprias do século XXI (P21, 2016; UNESCO, 2006; KANHAI, SINGH, 2017). Habilidades como trabalho colaborativo, criatividade e resolução de problemas são exemplos de habilidades que devem ser desenvolvidas no ensino-aprendizagem da matemática.
Ao que os achados indicam, o sujeito é levado, ao longo da vida, quando diante de diferentes problemas, a mobilizar uma série de conhecimentos já previamente construídos com o intuito de estruturar um caminho válido e encontrar uma resposta adequada por meio de um rol de atitudes e/ou habilidades como, por exemplo, elaboração de hipóteses, testes, cálculos e verificação. No campo da psicologia, Sternberg (2006) define problema como algo em que haja uma dificuldade em se reconhecer o objetivo, ou no qual o caminho para se alcançar o objetivo não está de imediato evidenciado, sendo similar, portanto, ao entendimento trazido pela OECD (2014) quanto ao que se espera por competência em se resolver problemas como uma capacidade do “indivíduo em se envolver em uma tarefa de compreensão e resolução de situações, ainda que um método de solução não esteja momentaneamente disposto a ele” (OECD, 2014, p.30).
Há que se considerar que muitas pesquisas já avançam na compreensão de que o ensino de matemática deve estimular o raciocínio do estudante, seja por meio de problemas ou por dinâmicas outras que atribuam significado àquilo que deve ser aprendido por aquele que aprende. Vale citar que Fonseca (2015) e demais autores (GONTIJO, 2007; CARVALHO, 2015; FARIAS, 2015), trazem em suas pesquisas realizadas pelos programas de pós-graduação da Universidade de Brasília, sinalizações de como a criatividade no campo da matemática pode também contribuir nesse sentido, dotando os estudantes de liberdade para pensar, estimulando terreno fértil para a geração de diferentes respostas a diferentes problemas a que são postos a prova.
Nesse sentido, para finalizar a reflexão acerca da pergunta presente no início deste texto, ensinamos e aprendemos matemática para nos prepararmos a resolver problemas que são, e serão, apresentados a todos nós ao longo da vida, cujas implicações podem ser as mais variadas possíveis; para mais do que apenas calcular, planejar e tomar decisões, atuar no mundo a partir de um olhar atento a diferentes variáveis que se encontram ao nosso redor; para ler o mundo e nele estar inserido conscientemente. Afinal, qual a semelhança entre o dilema do prisioneiro estruturado a partir da teoria dos jogos de Nash e as delações premiadas que nutrem as presentes manchetes dos noticiários atuais? Eis um exemplo da matemática presente na solução de problemas que inicialmente não seriam matemáticos. Assim como esse, muitos outros podem ser percebidos se olharmos atentamente ao nosso redor e para isso a matemática tem papel fundamental.

Referências
CARVALHO, A. T.. Relações entre criatividade, desempenho escolar e clima para criatividade nas aulas de matemática de estudantes do 5º ano do ensino fundamental. 2015. 132 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade de Brasília, Brasília.
FARIAS, M. P.. Criatividade em matemática: Um modelo preditivo considerando a percepção de alunos do ensino médio acerca das práticas docentes, a motivação para aprender e o conhecimento em relação à matemática. 2015. 75 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Faculdade de Educação, Universidade de Brasília, Brasília.
FONSECA, M. G.. Construção e validação de instrumento de medida de criatividade no campo da matemática para estudantes concluintes da educação básica. 2015. 104 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade de Brasília, Brasília.
GONTIJO, C. H. Relações entre Criatividade, Criatividade em Matemática e Motivação em Matemática de Alunos do Ensino Médio. 2007. 194f. Tese (Doutorado em Psicologia) – Instituto de Psicologia, Universidade de Brasília, Brasília/DF, 2007.
KANHAI, A., SINGH, B.. Some environmental and attitudinal characteristics as predictors of mathematical creativity. In: International Journal of Mathematical Education in Science & Technology, p. 327-337, 2017.
OECD. Pisa 2012 Results: Creative Problem Solving: Students' Skills in Tackling Real-Life Problems. Volume V, 2014.
P21 – Partnership for 21st Century Learning. Framework for 21st Century Learning, 2016. Disponível em < http://www.p21.org/storage/documents/docs/P21_framework_0816.pdf>. Acesso em 8 mai. 2017.
SCHOENFELD, A. H. Reflections on Problem Solving Theory and Practice. The Mathematics Enthusiast, V. 10, nº 1 e 2, pp.9-34, jan. 2013
STERNBERG, R. J. The Nature of Creativity. Creativity Research Journal, V. 18, n. 1, 87–98, 2006.
UNESCO. Road map for arts education: The world conference on arts education – Building creative capacities for the 21st century. Disponível em: < http://www.unesco.org/fileadmin/multimedia/HQ/CLT/CLT/pdf/Arts_Edu_RoadMap_en.pdf>. Acesso em 16 jun. 2017. 


 Prof. Me. Mateus Gianni Fonseca
Instituto Federal de Brasília – Campus Ceilândia

Texto 4 - Blog Nova Paideia

      O Grupo Nova Paideia tem o orgulho de publicar mais uma contribuição mensal referente a esse mês de maio. Trata-se de texto elaborado em parceria pela professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília, Mestra em Educação pela UnB, Cláudia Luiza Marques e da professora da Universidade de Brasília, Doutora em Ciências da Educação pela UNED, Amaralina Miranda de Souza.
         O texto intitulado como “O uso das TIC na inclusão dos estudantes com necessidades educacionais especiais” traz contribuições significativas e que provocam nossa reflexão sobre o potencial do uso das tecnologias em face do processo de aprendizagem.
        Reitero o convite a todos para que possam realizar uma leitura aprofundada de modo a refletirmos e debatermos via comentários deste Blog. Afinal, é este o propósito deste Blog: Um espaço de debate qualificado que impulsione nossas ideias no campo da educação.
       Estejam sempre convidados a produzirem textos para nossas próximas publicações. Mande um e-mail com sua proposta para blognovapaideia@gmail.com.

O uso das TIC na inclusão dos estudantes com necessidades educacionais especiais

A sociedade, em permanente transformação, é marcada por mudanças científicas, tecnológicas, econômicas, políticas, sociais e culturais, colocando em evidência a influência das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) como um dos elementos responsáveis pelas alterações observadas nos processos sociais e, principalmente, educacionais. Para Moran (2008), a expansão do mundo digital está provocando mudanças significativas na educação, interferindo nas metodologias utilizadas em sala de aula. Para o autor, as tecnologias estão evoluindo mais que a cultura.
Leite et al. (2000) ressaltam que esse momento de transição é reflexo do desenvolvimento das TIC que aceleram a mudança de comportamento em função da linguagem que utilizam. Para os autores, as tecnologias estão eliminando as fronteiras físicas e temporais, favorecendo a troca e circulação de informações, ideias, negócios, emergindo assim a globalização das sociedades e da economia com a imperiosa necessidade da competitividade baseada na qualidade, na busca de mercados consumidores, num mundo sem fronteiras.
A denominação Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) abrange o conjunto de recursos tecnológicos que propiciam agilidade no processo de comunicação, transmissão e distribuição de informações, notícias e conhecimentos, ou seja, as TIC são “o resultado de três grandes vertentes técnicas: a informática, as telecomunicações e as mídias eletrônicas” (BELLONI, 2005, p. 21). As TIC “são usadas para reunir, distribuir e compartilhar informações, como por exemplo: sites da Web, equipamentos de informática (hardware e software), telefonia, quiosques de informação e balcões de serviços automatizados” (MENDES, 2008).
O que não se pode negar é que as TIC são elementos constituintes do ambiente de ensino e de aprendizagem. Acredita-se que elas possam apoiar a aprendizagem de conteúdos e o desenvolvimento de capacidades específicas, além de permitirem a criação de espaços de interação, compartilhamento e como facilitadoras do processo comunicativo. Podem, ainda, funcionar como um elemento motivador e facilitador no processo de ensino e de aprendizagem em turmas com alunos com necessidades educacionais especiais (PAIVA, 2011).
Acredita-se, enfim, que o uso das TIC pode melhorar a ação pedagógica, principalmente em turmas com alunos com necessidades educacionais especiais, já que inserem novos dispositivos que facilitam e dinamizam o processo de ensino aprendizagem. Contudo a maioria dos professores não se sentem preparados para utilizar as tecnologias em suas aulas. É importante salientar que a utilização das TIC no processo de ensino e de aprendizagem não se limita aos conhecimentos das técnicas informáticas.
É preciso que sua utilização esteja aliada à criação de condições para o professor e o aluno se apropriarem de conceitos e habilidades que estejam relacionados a um determinado conteúdo pedagógico e contexto sociocultural. Dessa forma, não basta utilizar novas tecnologias educativas sem transformações nas práticas pedagógicas, o que deve acarretar mudanças tanto nas concepções de conhecimento e aprendizagem, como nos papeis do aluno e do professor no processo de ensino–aprendizagem (SIQUEIRA, 2013, p. 207).
Neste estudo, foram recolhidas diferentes opiniões de alguns docentes e estudantes do campus Gama, do Instituto Federal de Brasília (IFB), através de questões aplicadas por questionários via google drive. Os dados obtidos foram analisados e, após essa fase, obtiveram-se como conclusões: a constatação da importância e da eficácia da utilização das TIC no processo de ensino e de aprendizagem dos alunos com necessidades educacionais especiais; as TIC consideradas como recurso para uma intervenção pedagógica diferenciada; os conhecimentos e competências dos docentes adquiridos no uso delas; e o desempenho com visível melhora dos alunos a partir do uso das TIC em sala de aula.
O objetivo geral da pesquisa foi o de identificar as possibilidades e as dificuldades encontradas no uso das TIC em turmas com estudantes com necessidades educacionais especiais na educação profissional, no Instituto Federal de Brasília (IFB). E, ainda, conhecer e avaliar as ferramentas utilizadas no desenvolvimento das competências destes estudantes.
Nesta pesquisa, de abordagem qualitativa foi utilizado o estudo de caso. A abordagem qualitativa está sendo muito utilizada como metodologia de pesquisa em educação e é a que melhor exprime a complexidade e a dinâmica dos fenômenos sociais e humanos. Já o estudo de caso, segundo Yin (2004), investiga um fenômeno moderno dentro de seu contexto real. E, a este respeito, BOGDAN e BIKLEN (1994, p. 89) afirmam ainda que: “O estudo de caso consiste na observação detalhada de um contexto, ou indivíduo, de uma única fonte e documentos ou de um acontecimento específico.”
Para a coleta de informações, optou-se pela utilização de um questionário misto (questões fechadas e abertas), disponibilizados em formulário, através do google docs, e de uma entrevista semiestruturadas que foram aplicados aos professores e estudantes do Instituto Federal de Brasília (IFB). Utilizar o questionário como instrumento de coleta de dados proporciona inúmeras vantagens quando se deseja atingir uma amostra maior da população. No questionário misto foram incluídas questões fechadas, em que o sujeito pesquisado escolheu sua resposta a partir de um conjunto de categorias.  As questões abertas, foram elaboradas com o intuito de comportar respostas subjetivas e que deram condições ao sujeito pesquisado de discorrer espontaneamente, sem limitações e com linguagem própria, favorecendo aos respondentes emitir sua própria opinião e posição a respeito de cada uma das questões. Na seleção das questões para a montagem do questionário baseou-se nos objetivos da pesquisa abrangendo questões ligadas à caracterização dos sujeitos da pesquisa.
Foi realizada também uma revisão bibliográfica em que se buscaram informações sobre o tema a partir de livros; artigos publicados em sítios eletrônicos; revistas; etc., para que se pudesse obter a sustentação teórica necessária para análise das informações obtidas e a discussão dos resultados encontrados. Após a coleta de informações, a fase seguinte foi de sistematização e organização das informações obtidas, a fim de analisá-las, com a atenção especial porque a análise das informações deve mostrar ao pesquisador a situação real do objeto do seu estudo.
As questões de múltipla escolha do questionário levantaram informações acerca do perfil dos entrevistados; tipo de experiência no uso das tecnologias; confirmando, deste modo, a pretensa heterogeneidade da amostra quando da utilização deste tipo de instrumento. As informações fornecidas pelos questionários aplicados nas questões abertas convergiram eletronicamente para um relatório para que o trabalho de classificação e categorização dos dados fosse realizado após o preenchimento pelos pesquisados. 
Os dados das questões fechadas foram submetidos a tratamento estatístico simples por meio do programa SPSS for Windows, Versão 10.05. Foram tabulados e extraídos as frequências e percentuais que traduzissem numericamente os resultados a fim de serem percebidas as intenções reveladas pelos sujeitos.
A categorização das informações permitiu sua apresentação em tabelas, a partir da síntese dos argumentos apresentados pelos professores e das percepções dos estudantes. “A maioria dos procedimentos de análise organiza-se em redor de um processo de categorização” (Bardin, 2000, p. 07).  Essa forma de apresentação das informações isto é, partindo-se da análise da recorrência dos aspectos verificados na categorização, permitiu uma melhor abrangência das respostas e a extração daquilo que era mais relevante para discussão nesse texto, dentro dos objetivos propostos.  A aplicação criteriosa de todas as fases descritas teve por objetivo obter uma síntese sobre os resultados obtidos em cada uma das questões específicas do questionário da pesquisa.
O instrumento principal de coleta de dados foi o questionário, que foi enviado a 12 professores e a 80 alunos da educação profissional. Os resultados indicam que todos os professores possuem o Ensino Superior completo, e, no seu conjunto, ministram aulas nos cursos técnicos subsequentes; Tecnólogos e a maioria também para o Ensino Médio Integrado. Os estudantes são de turmas que têm algum estudante com necessidade educacional especial. As turmas são de cursos técnicos subsequentes e ensino médio integrado. A faixa etária varia de 14 a 30 anos. Esses alunos são do turno diurno.
Serão apresentadas, a seguir, algumas questões e respostas dos questionários. Questionados os professores se “eles utilizam alguma tecnologia em sua aula”. (Pergunta 5). Dos sujeitos entrevistados 51,6% afirmaram que sim e 46,8% responderam não. Apenas um sujeito não respondeu. Esses dados mostraram que embora mais da metade dos professores utilize alguma tecnologia em aula, uma significativa parcela dos sujeitos consultados ainda não o faz. Aos professores foi questionado como as tecnologias seriam utilizadas com estudantes com necessidades educacionais especiais. A questão colocada trouxe para a discussão a falta de informações sobre o conhecimento dos dispositivos que o instituto tem a oferecer. Para um dos professores:

Tenho uma aluna no curso técnico que tem muita dificuldade na escrita por causa de coordenação motora. Ela não escreve bem e quando o faz não se lê. Se houvesse o recurso, me disseram que há, mas não tenho conhecimento. Se houvesse um computador só para ela ou uma monitora para ajudar, para mexer no computador e escrever para ela. Porque durante a aula não temos tempo para dar esse apoio e muitas vezes nem sabemos como fazer. Eu acho se tivesse alguém o tempo todo ajudando ela se sairia melhor. (RESPOSTA QUESTIONÁRIO 1 – PROFESSOR)

De acordo com os depoimentos dos professores relativos à influência positiva do uso do computador, em geral deve-se ao a presença das TIC no contexto da sociedade atual. Os aspectos positivos indicados pelos professores pesquisados passa a noção das possibilidades de uso como vantagem, benefício e contribuição.
Para Cox (2003, p.9 – p.35) “A presença das máquinas de processamento nos mais diferentes locais de ação humana é uma realidade incontestável”. Por sua vez, as possibilidades de uso também. Ainda de acordo com a autora, “[...] pode-se afirmar que o número de formas de uso dos computadores tem seu limite nas fronteiras da capacidade criadora do homem”. Neste sentido justificam-se os depoimentos dos professores da pesquisa ao citarem as influências positivas do uso do computador
Aos estudantes foi perguntado como eles percebem o uso das tecnologias no sentido de favorecer a inclusão no IFB. Um estudante respondeu:

O uso das tecnologias ajuda e muito a gente que tem deficiência. Acho que a gente deveria usar mais a sala de informática. Lá eu aprendo melhor. Mas nem todo professor usa. Sei que tem uns programas novos, mas ainda não foram instalados. Mas eu acho sim que as tecnologias ajudam a pessoa com deficiência aprender melhor. (RESPOSTA QUESTIONÁRIO 2 – Estudante)

Como resultados da pesquisa, destacam-se, além da constatação dos avanços e conquistas verificados no processo de apropriação das TIC no IFB, também as dificuldades e obstáculos encontrados nesse processo pelos professores que responderam ao questionário, bem como dos estudantes. Os registros dos professores sinalizam também para a falta de políticas públicas que favoreçam uma maior agilidade e eficácia no processo de apropriação e uso das TIC, necessária para a inclusão escolar de alunos com necessidades educacionais especiais.
Compreender a relevância do uso das TIC como recurso facilitador do processo de ensino e de aprendizagem, como elemento importante para a formação profissional dos estudantes pode trazer contribuições para orientar uma nova organização dos espaços educativos, apontando para a necessidade de se considerar a diversidade como princípio natural e fundamental da condição humana. Nesse sentido, as pessoas com necessidades educacionais especiais podem e devem ser consideradas sujeitos, com potenciais, capazes de aprender e se formarem profissionais competentes para se inserirem naturalmente no mercado de trabalho. Como nos aponta Moran(2008:47): “com a flexibilidade de organização do ensino e aprendizagem que as tecnologias possibilitam o currículo também pode ser muito mais adequado a cada aluno.”
       Espera-se, portanto, que os resultados apresentados por este estudo possam contribuir para a melhoria do processo de ensino e aprendizagem na educação profissional, com vistas a oferta de uma efetiva formação de todos os seus estudantes, independentemente das suas demandas educacionais, para a garantia de seus direitos e para sua real inserção social.

REFERÊNCIAS

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2000.
BELLONI, Maria L. Educação a distância. Campinas, São Paulo: Associados, 2005.
BOGDAN, R. et BIKLEN, S. Investigação Qualitativa em Educação: uma introdução à teoria e aos métodos. Coleção ciências da Educação. Porto: Porto Editora, 1994.
BRASIL. Lei n.º 11.892, de 29 de dezembro de 2008. Institui a rede federal de educação profissional, científica e tecnológica, cria os institutos federais de educação, ciência e tecnologia, e dá outras providências. Brasília: MEC/SETEC, 2008.
COX. K.C. Informática na Educação escolar. Campinas: Autores Associados, 2008.
LEITE. et al. Tecnología Educacional: Mitos e Posibilidades na Sociedade Tecnológica. Revista Tecnologia Educacional, ano XXVII, n. 148. Jan/Fev/Mar/2000. p.38-41.
MORAN, J. M. As muitas inclusões necessárias na educação. In: RAIÇA, Darcy (Org.). Tecnologias para a educação inclusiva. São Paulo: AVERCAMP, 2008.
____. Os novos espaços de atuação do professor com as tecnologias. Revista Diálogo Educacional, Curitiba: Quadrimestral, 2004.
____. Os novos espaços de atuação do professor com as tecnologias. In: ROMANOWSKI et al. (Org.). Conhecimento local e conhecimento universal: diversidade, mídias e tecnologias na educação. Curitiba: Champagnat, 2004.
PAIVA, A. G. O uso das novas tecnologias em turmas inclusivas. São Paulo: Quimera, 2011.
SIQUEIRA, J. C. O uso das TIC na Formação de Professores. Disponível em https://seer.ufs.br/index.php/interdisciplinar/article/viewFile/1649/1476. Acesso em 22 mai. 2017.
YIN, R. K. Estudo de Caso: Planejamento e Métodos. São Paulo: Bookman, 2004.



Profª. Ma. Cláudia Luiza Marques
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia - Campus Gama

Profª Dra. Amaralina Miranda de Souza
Universidade de Brasília


Texto 3 - Blog Nova Paideia

É com alegria que, neste mês de abril, o Grupo Nova Paideia disponibiliza mais uma das grandes colaborações que tem recebido mensalmente com o intuito de estimular a reflexão no campo da educação.
Rosa Amélia Pereira da Silva, Doutora em “Literatura e Práticas Sociais” pela Universidade de Brasília – UnB e professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília – IFB, é a autora deste mês e a reflexão que propõe está em uma obra argumentativa na seara do letramento.
Trata-se de texto intitulado por “Letramento e Educação” e cujo propósito é estimular a reflexão sobre o tema, destacando que que a função de letrar não se resume apenas ao professor de língua portuguesa. Belos argumentos são trazidos à baila.
Como em todos os meses, estejamos convidados para a realização de uma leitura aprofundada de modo a refletir e debatermos via os comentários deste Blog. Afinal, é este o propósito deste Blog: Um espaço de debate qualificado que impulsione nossas ideias no campo da educação.

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LETRAMENTO E EDUCAÇÃO

Em ambiente de Educação, a ação de letrar e as preocupações com o letramento têm ganhado relevância, uma vez que, cada vez mais, tem-se compreendido que a pedagogia centrada no letramento ultrapassa os limites da alfabetização e ganha corpo nas diversas áreas do conhecimento. Para Magda Soares (2000), o letramento consiste na condição que o sujeito apresenta de atuar nas práticas sociais por meio da leitura e da escrita. Claro e evidente que para tanto o sujeito precisa ser alfabetizado, precisa aprender um código linguístico, precisa dominar a codificação da fala e elaborar a decodificação da escrita; mas o letramento não se resume a isso.
O professor alfabetizador, com certeza, é a base fundamental para o desenvolvimento do letramento dentro do contexto escolar. Contudo, vale lembrar, se não houver um trabalho consistente em relação à leitura enquanto processo de interpretação, em que se pressupõem a (de)codificação, o entendimento, a compreensão, a interpretação, a generalização do que se lê, o processo de alfabetização não garante o desenvolvimento do letramento. Nesse sentido, muitas vezes, as atividades relacionadas ao letramento e suas responsabilidades ficam restritas ao trabalho desenvolvido pelo professor da área de linguagem, especificamente o de Língua Portuguesa.
Observa-se, no entanto, que letrar não é competência apenas do professor alfabetizador, muito menos se restringe às atividades relacionadas ao estudo da linguagem. Letrar ultrapassa todas as ações realizadas por esses dois profissionais, uma vez que o primeiro alfabetiza – ensina o código – e o outro trabalha questões de leitura e interpretação muito restritas ao campo da linguagem e da arte literária. E é impossível para o professor de Língua trabalhar questões de leitura e interpretação em todos os campos do conhecimento. Ele pode até tentar; mas é, praticamente, inconcebível que isso se realize em função de uma série de questões, que passam, inclusive, pela formação do referido profissional.
Qualquer professor, inclusive os de área específica ou de área técnica, pode e deve trabalhar para a composição do letramento dos estudantes. Na escola, ouve-se muito que o estudante não sabe isso ou aquilo, sendo que esse isso ou aquilo são pré-requisito para se avançar; na escola, observa-se muito a busca de responsabilidades pelos insucessos dos alunos; contudo também há bastante inércia no que se refere às práticas docentes relacionadas aos processos de ensino e de aprendizagem.  
O que fazer diante de um cenário em que os estudantes foram alfabetizados, mas não foram letrados? Diante dessa pergunta, vale destacar também que o letramento é processo e não se finda nunca. Qualquer pessoa que se mantém envolvida em processos de leitura e de escrita na sociedade permanece em contínuo processo de letramento, ou seja, permanece sempre aprendendo algo novo a partir da leitura e a respeito da escrita.
Voltando à pergunta anterior, para respondê-la, talvez seja necessário pensar que, se os alunos já foram alfabetizados, mas seguiram para séries mais avançadas sem desenvolver as competências de leitura e de escrita, os professores, de um modo geral, devem desenvolver atividades de leitura e de escrita a partir das quais possa se promover o letramento relacionado às suas áreas.
Isso parece ser interessante, uma vez que se o professor de Ciências trabalha a leitura e a escrita, ele vai explorar questões específicas do letramento nessa área; se os professores de História e de Geografia atuam da mesma forma, há a possibilidade de se desenvolver o letramento também nessas áreas; se o professor de Matemática, de Física e de Química também atuam contemplando a prática da leitura e da escrita, com certeza, estarão trabalhando para o desenvolvimento do letramento. Da mesma forma, pode se pensar nos professores das áreas específicas (agricultura, pecuária, agroecologia, indústria, alimentação, produção moveleira, meio ambiente, engenharia, gastronomia, tecnologia da informação, informática, mecânica etc.), os quais podem trabalhar de modo a promover a prática da leitura e da escrita de acordo com as necessidades acadêmicas e profissionais de cada setor de atuação.  
Para isso acontecer, tais professores devem sair da postura de meros expositores de informação, para promover atividades que envolvam os estudantes como coprodutores e sujeitos capazes de pensar sobre o que leem e o que escrevem, capazes de refletir acerca do conteúdo sobre o qual leem e sobre o qual precisam escrever, devem entender a necessidade da escrita na elevação do conhecimento dos estudantes, devem trabalhar para ampliar o conhecimento deles a partir de atividades letradoras e não meramente repetidoras e mecânicas, como, costumeiramente, acontece.
Dito dessa forma, parece bastante fácil transformar as ações educativas no sentido de promover o letramento. Entretanto sabemos que não é tão simples, uma vez que vem se repetindo um modelo de ensino-aprendizagem bastante tradicional e no qual se acredita, em muitas situações, ser a melhor forma de promover a aprendizagem do aluno, de educá-lo e de ensiná-lo. Sabe-se que nem sempre somos bem-sucedidos. Falhamos enquanto professores letradores, basta observar o quanto de alunos temos, nas nossas escolas, com dificuldades de ler e de escrever textos nas diversas áreas do conhecimento e a partir das inúmeras situações sociais em que estão inseridos.
O que fazer então diante dessa consciência? Abandonar todos os métodos tradicionais e buscar práticas inovadoras centradas sobretudo na tecnologia? Dar aulas show usando os recursos da tecnologia para possibilitar um falso envolvimento do aluno nas estratégias de aprendizagem? Não. Nesse último caso, é salutar ressaltar que o uso de alguns recursos tecnológicos não muda a prática docente. Ela, como se pode observar, continua expositiva. Talvez seja mais pirotécnica a depender dos recursos que se usam, por exemplo, recursos audiovisuais – como Datashow ou Vídeo-aulas – que, cada vez mais, colocam o estudante como mero expectador de aulas das quais ele não participa ativamente.
É necessário que o professor seja crítico em relação à sua prática, capaz de refletir sobre os modos como ensina e sobre os modos como se aprende. Aprender hoje é diferente de aprender como se aprendia no passado, devido a diversos fatores, entre eles o excesso de informação a que se tem a dispor. Tal excesso de informação acaba por eliminar as fronteiras entre as áreas do conhecimento. Associado a isso ainda temos o fato de que a tecnologia contribui para o hibridismo dos textos que marcam a necessidade de uma articulação muito maior para a compreensão.
Nesse sentido, o professor, além de ter uma postura reflexiva acerca da forma como ensina, deve valorizar estas questões relacionadas às fronteiras do conhecimento e deve pôr-se em constante processo de formação. Sendo o conhecimento sem fronteiras, as formas de aprender e de ensinar também o são. Tal afirmativa não vale somente para o aluno, vale também para o professor, que deve deixar a atitude de detentor e transmissor e colocar-se numa postura de mediador na construção do conhecimento. Nesse sentido, ele, ao ensinar, aprender e; ao aprender, é capaz de ensinar com mais sucesso. O professor que se coloca na posição de constante aprendiz é capaz de, mais rapidamente, se colocar na posição do estudante.
Para concluir, considerando tal contexto em que se situam aluno e professor, observa-se que a aprendizagem se constitui pela mediação, em que o planejamento do professor, a orientação de estudo e de trabalho possam promover atividades de leitura, de escrita e de resolução de problemas/questões que façam sentido para a vida do estudante. Mais importante que transmitir o conhecimento, é primoroso que o professor consiga mediar a construção do conhecimento, porque, dessa forma, ele trabalha tanto os conteúdos específicos de sua área, quanto as habilidades de leitura, de escrita, a autonomia, a capacidade de articulação e de generalização. Nesse sentido, o trabalho do professor não está circunscrito aos conteúdos de sua área, mas desenvolve o letramento numa perspectiva mais abrangente. 

Profa. Dra. Rosa Amélia Pereira da Silva
Instituto Federal de Brasília – Campus Brasília

Texto 2 - Blog Nova Paideia

Neste mês de março de 2017, o Grupo Nova Paideia tem a satisfação em trazer mais um texto, de cunho argumentativo, para nutrir discussões e promover reflexões referentes ao campo da educação.
O texto apresentado nessa oportunidade é de autoria da Professora Mara Lúcia Castilho, Doutora em Linguística pela Universidade de Brasília - UnB e Docente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília - IFB.
Trata-se de uma reflexão acerca da avaliação da educação superior no Brasil, intitulado por "Avaliação da Educação Superior no Brasil nas últimas duas décadas: a permanência do Estado Avaliador na busca incessante por qualidade". 
Estejam todos convidados à leitura aprofundada, bem como a participar do debate via comentários do blog... Afinal, é sempre importante e enriquecedor que possamos promover um debate qualificado.
Estejam também convidados a produzirem textos para nossas próximas publicações. Mande um e-mail com sua proposta para blognovapaideia@gmail.com.


Boa leitura a todos!


Avaliação da Educação Superior no Brasil nas últimas duas décadas: a permanência do Estado Avaliador na busca incessante por qualidade

Este texto tem como objetivo trazer uma breve retrospectiva sobre o processo de avaliação da educação superior no Brasil nas últimas duas décadas a fim de fazer uma reflexão sobre a continuidade da busca pela qualidade.
A década de 1990, no Brasil, foi marcada pela implantação da cultura de avaliação da qualidade das instituições de ensino com base nos princípios neoliberais, fundamentada em resultados e rankings, configurando-se, assim, o Estado Avaliador. Em 1993, foi implantado o Programa de Avaliação Institucional (PAIUB) voltado para as instituições públicas e tinha como objetivo aperfeiçoar o desempenho acadêmico dessas instituições a fim de prestar contas à sociedade. A ideia era que esse programa fosse uma ferramenta para o planejamento e a gestão da educação superior pública. Por motivos diversos, logo foi descontinuado.
Poucos anos mais tarde, com as reformas educacionais de 1996, foi iniciado, pela Secretaria de Educação Superior (SESu) do Ministério da Educação (MEC), o processo avaliativo periódico, relacionado à regulação de cursos, com base na Portaria 181/96, em substituição ao trabalho realizado, até então, pelo Conselho Federal de Educação (CFE). Um ano mais tarde, esta foi substituída pela Portaria 641/97 que elencava os elementos mínimos necessários para organização dos projetos pedagógicos dos cursos e, a partir destes, organizada a avaliação das condições mínimas para autorização de novos cursos em faculdades integradas, faculdades, institutos superiores ou escolas superiores. Nessa mesma época, esses parâmetros começaram a ser utilizados para a avaliação de renovação de reconhecimento de cursos a partir dos resultados do Exame Nacional de Cursos (ENC). Essas avaliações eram, a princípio, voltadas para as instituições privadas e realizadas por Comissões Verificadoras (CV) organizadas pela SESu a partir de seu corpo de consultores, geralmente professores provenientes de universidades federais, indicados sem critérios públicos de seleção. A ideia desse processo regulatório foi instituída, então, há pelo menos 20 anos e, com ele, o Estado tem buscado estabelecer indicadores para atestar a ‘qualidade’ das instituições de ensino.
Nesse sentido, as políticas de controle e avaliação da educação superior, até o final de 2001, tinham cunho de aferição da qualidade do ensino e de prestação de contas à sociedade a fim de se justificar a necessidade de investimentos, principalmente nas universidades públicas. Dessa forma, a ideia de privatização da educação superior e da expansão do mercado educacional privado era notória, sempre fundamentada na lógica empresarial, estabelecendo-se, assim, uma relação entre os resultados das avaliações e a eficácia e eficiência dessas 'empresas' a partir dos 'padrões de qualidade' alcançados nas avaliações. A diferença entre os serviços ofertados por essas instituições era um elemento importante e, consequentemente, o ranking entre elas inerante a esse processo. Nessa época, além das visitas de avaliação in loco pelas CV, o Exame Nacional de Cursos (Provão) era realizado anualmente, aplicado aos concluintes dos cursos de todas as áreas do conhecimento e era o instrumento utilizado para ranquear essas instituições de ensino. De lá para cá, desde a proposta de mudança política do início do Século, temos vivenciado muitas mudanças, tentativas e erros. Todavia, veremos que a ideia de controle e de melhoria da qualidade do ensino esteve sempre presente nesse processo.
Em 2002, um grupo de professores especialistas em avaliação das universidades federais com experiências diversificadas nessa área e com o PAIUB iniciou os debates com a comunidade acadêmica para revisar os processos avaliativos com fins regulatórios e sugerir a implementação de um sistema ou de uma política pública que pudesse avaliar cursos e instituições integrantes do sistema federal de ensino por meio de instrumentos diversificados. Após amplo debate e discussões com a comunidade acadêmica, em 2004, foi instituído o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), e, com ele, o ENC (Provão) foi extinto e novos instrumentos de avaliação foram implantados. O Sinaes tem o objetivo de promover o autoconhecimento das instituições e avaliá-las considerando a diversidade do sistema. Para tanto, foi composto, inicialmente, por três  instrumentos de avaliação: a Avaliação das Instituições de Educação Superior (avaliação Externa e autoavaliação institucional), o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), e a Avaliação dos Cursos de Graduação (ACG). O Enade, diferentemente do Provão, é aplicado alternadamente nos cursos que compõem seus três ciclos, organizados por área de conhecimento. Essa nova perspectiva, fundamentada nas concepções formativa e dinâmica de avaliação, tinha como objetivo conhecer as instituições de ensino em todas as suas dimensões: ensino, pesquisa, extensão, infraestrutura, comunicação com a sociedade, financeira, planejamento, gestão e avaliação, a fim de acompanhar seu ‘desempenho’, conforme artigo 1º da Lei nº 10.861/04. As comissões Próprias de Avaliação (CPA) tomaram força, ficando responsáveis pela autoavaliação das instituições e passaram a subsidiar os processos de avaliação externa, juntamente com os demais instrumentos do sistema. O Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) passou a ser responsável pela aplicação dos instrumentos do Sinaes. A intenção era promover uma visão diferente da existente até então, no sentido de romper com o modelo aplicado até aquele momento.
Nessa época, depois de debates e de manifestações  de alguns órgãos representativos das instituições privadas de ensino, alguns de seus professores doutores passaram a integrar as comissões de avaliação in loco. Mais tarde, foi implantado procedimento específico para selecionar esses especialistas a partir de um banco de dados organizado pelo Inep. Esse novo procedimento passou a aceitar professores mestres e doutores, possivelmente, em razão da demanda de avaliações, cada vez mais frequentes.
De acordo com a legislação em vigor, as instituições que não tiverem desempenhos positivos nas avaliações do Sinaes são acompanhadas pelo MEC e, para não prejudicar a sociedade, quando isso ocorre, são abertos processos de supervisão, com intervenções e sanções. Desde sua implantação, o Sinaes não deixou de lado a noção de subsidiar a melhoria da qualidade das instituições de ensino e de orientar a expansão do sistema, e, dessa forma, não abandonou por completo os princípios anteriores à sua existência.
A nova política avaliativa não conteve o crescimento da educação superior privada, embora algumas sanções tivessem sido aplicadas a algumas instituições, e o sistema continuava a se expandir. Novas faculdades foram credenciadas e novos cursos superiores foram abertos, mas, diferentemente das políticas anteriores, novas instituições públicas iniciaram suas atividades a partir da implementação de políticas de expansão no âmbito do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). O Plano Nacional de Assistência Estudantil (PNAES) teve a função de diminuir a evasão dos estudantes nessas universidades. Para atender à demanda da sociedade pela educação superior, todavia, era inegável a necessidade de manutenção e incentivo às instituições privadas. Com isso, surgiram políticas para estabelecer parceria entre o público e o privado, como, por exemplo, o Programa Universidade para Todos (PROUNI). Em 2001, o Fundo de Financiamento do Estudante do Ensino Superior (FIES), criado em 1999 em substituição do Crédito Educativo, cujo objetivo é financiar cursos de graduação não gratuitos, foi ampliado e, desde então, suas regras têm sido, constantemente, alteradas.
A expansão do Sistema Federal de Ensino gerou maior volume de instituições e de cursos a serem avaliados e a com o aumento da demanda do Sinaes, depois de três anos, seus procedimentos e instrumentos avaliativos começaram a ser revisados. Em 2008, sem aviso prévio e sem debates com a comunidade, houve mudanças no Sinaes e instituídos dois novos ‘indicadores de qualidade’ da educação superior: o conceito Preliminar de Cursos (CPC) e o Índice Geral de Cursos (IGC). A partir de então, esses conceitos provenientes do Enade tornaram-se os principal instrumentos regulatórios da educação superior. Com isso, algumas concepções e diretrizes iniciais do Sinaes tiveram que ser revisadas e, a partir de então, novos procedimentos começaram a ser adotados e modificados anualmente.
Em 2009, o Enade, antes aplicado a uma amostra de estudantes, passou a ser censitário. Poucos anos depois, deixou de ser aplicado aos ingressantes dos cursos e passou a ser realizado somente com a participação dos concluintes. O conceito dos ingressantes passou a ser calculado a partir da nota dos participantes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), diminuindo, assim, os custos com a aplicação do certame. Em 2014, quando o Sinaes completou dez anos, o balanço do sistema era positivo no que se refere à quantidade de cursos e instituições avaliadas. Ao longo dessa década – 2004 a 2014 -, os instrumentos de avaliação de curso e de instituição passaram por diversas versões e novos ‘indicadores de qualidade’ foram sendo inseridos nesses instrumentos, justificados pelo discurso de que se uma porcentagem alta de instituições atinge o conceito máximo em um indicador, este deve ser substituído por outro(s) a fim de que as instituições não cessem de promover seu crescimento em busca da ‘qualidade’. Guardadas suas proporções, o Estado Avaliador não deixou de existir.
Desde a implantação do Sinaes, em 2004, a mídia tem promovido o ranking das instituições a partir da publicização dos resultados dos ‘indicadores de qualidade’ da educação superior pelo MEC e as instituições privadas têm utilizado esses resultados em suas propagandas, não deixando de lado o caráter competitivo entre essas ‘empresas’. Não há dúvidas de que a ausência de um sistema de avaliação e acompanhamento poderia ter gerado consequências graves para educação superior em razão de muitas dessas instituições estarem preocupadas somente com o lucro e não com o processo de ensino. A regulação e a supervisão da educação superior trouxeram benefícios ao sistema e essas instituições buscam aprimorar-se constantemente. Nesse sentido, as instituições privadas adaptam-se, com frequência, às novas regras, alteradas anualmente desde 2008, a fim de obter boas ‘notas’ e, assim, evitar supervisão por parte do MEC. As instituições públicas, também avaliadas pelo sistema, parecem buscar atender a alguns indicadores do processo regulatório, sem, contudo, considerar esses resultados para o acompanhamento de suas atividades.
A mudança política desde setembro de 2016 tem levantado novas expectativas. Sabe-se que a legislação da regulação da educação superior está sendo revisada desde dezembro. Resta-nos aguardar as mudanças, mais uma vez não debatidas e ou compartilhadas com a comunidade acadêmica, e esperar que o Sinaes não acarrete perdas para a educação superior.

Mara Lúcia Castilho
Doutora em Linguística pela Universidade de Brasília (UnB)

Texto 1 - Blog Nova Paideia

É com imenso prazer que o Grupo Nova Paideia inicia este ciclo de publicações, afinal, um espaço para um debate qualificado acerca de assuntos ligados à educação é sempre importante para nutrir novas ideias e encorajar produções.
O primeiro texto trazido ao debate é escrito pelo Professor Adilson César de Araújo, Doutor em Educação pela Universidade de Brasília – UnB e atual Pró Reitor de Ensino do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília – IFB.
Trata-se de uma reflexão acerca da reforma do ensino médio, pela qual é lançada a questão: mudança ou retrocesso?
Estejam todos convidados à leitura aprofundada, bem como a participar do debate via comentários do blog...
Estejam também convidados a produzirem textos para nossas próximas publicações. Mande um e-mail com sua proposta para blognovapaideia@gmail.com.

Boa leitura a todos!

Mateus Gianni Fonseca
Editor – Blog Nova Paideia

Reforma do ensino médio: mudança ou retrocesso?

É consenso na comunidade educacional a necessidade reformular o ensino médio no Brasil.  Todavia, a forma de construção e o teor dessa mudança exigem acordos e uma ampla pactuação social com os diversos setores sociais e a comunidade escolar, características que não têm norteado o presente processo de reforma apresentada pelo governo brasileiro. Nesse cenário, devemos ficar atentos em relação às justificativas usadas para se decretar uma “reforma”, via medida provisória, bem como desvelar os seus reais sentidos.
O próprio governo anunciou o caos e proclamou a falência da educação pública para melhor justificar a adoção de soluções mágicas e salvacionistas vindas de cima. O discurso predominante ancorou-se na urgência e na inevitabilidade de se mudar o atual quadro dessa etapa da educação.
Na justificativa do governo em torno da urgência da reforma, difundiu-se que a qualidade da educação piorou. Não por acaso que a MP 746 que trata da reforma do ensino médio foi apresentada após a divulgação dos resultados do IDEB 2015, com ênfase dada à queda no rendimento dos estudantes do ensino médio.
Os resultados foram usados como justificativa para aligeirar a discussão sobre a reforma. Assim, a proclamação do caos e a apresentação do ensino médio como uma tragédia nacional pautaram as manchetes que tiveram destaque na mídia na semana em que os resultados do IDEB foram divulgados:

“Não vamos fazer de conta que essa tragédia não existe”
(Mendonça Filho, Ministro da Educação, Site G1, 08/09/2016[1])

“ (...) o modelo faliu, quebrou, não funciona”
(Maria Helena Guimarães, Secretária Executiva do MEC - EBC, 23/09/2016[2])

“O Ensino Médio é o desastre brasileiro, chegamos ao fundo do poço em matemática. Precisamos de uma mudança urgente”.
(Mozart Neves Ramos, Instituto Ayrton Senna, Site G1, 8/9/2016[3])

Tudo indica que se usou a retórica da catástrofe como estratégia política para impor um modelo de reforma como regime de verdade, negando outras possibilidades de construção de mudanças.
Cabe ressaltar que a defesa da reforma passou a ser um clamor que soou bem aos ouvidos, porque indicou a possibilidade de movimento, progresso, inovação, além de ter forte apelo social. Afinal, quem é contra a inovação e o progresso?   A impressão que fica é a de que a reforma do ensino médio no formato apresentado deve ser assumida como um “grito de guerra” a ser defendido por todos, independentemente das diferentes visões de educação e de mundo que fazem parte do jogo democrático.
Ao longo da história da educação brasileira, as inovações educacionais têm sido impostas de cima para baixo. As políticas quase sempre são decididas pela ótica da tecnocracia, envolvendo pequenos grupos, organizações privadas e consultorias especializadas. Logo, dissimula-se uma crença de que a mudança, a renovação é uma iniciativa dos “especialistas iluminados”. Esses costumam se esconder no discurso técnico e científico, com dados e índices que servem para legitimar mudanças que dizem ser em nome de todos, mas que atendem a interesses mesquinhos dos grupos dominantes.
 Esse tipo de reforma,  que ignora os sujeitos da educação, tende a fracassar porque costuma ter os seguintes traços característicos: 1) permite que os professores apenas  “palpitem” e usa a participação como máscara para conseguir o consenso e a adesão aos modelos de reforma que são previamente definidos por pequenos grupos; 2) avalia negativamente a escola, seu currículo e professores, o que facilita a adoção de soluções vindas de cima; 3) desqualifica os professores, com o discurso de que eles não têm preparo e não compreendem as mudanças contemporâneas, desrespeitando assim sua  história, trajetória e identidade; 4) questionam a autonomia docente com vistas a uma maior tutela e controle sobre o seu trabalho; 5) definem a seleção de novos conteúdos como expressão máxima da função da escola ganhando centralidade a reforma curricular que ignora outros aspectos relevantes do processo educativo.
Nesse cenário de reforma pelo alto e que subordina a educação aos interesses exclusivos do mercado, a educação passa a ter como objetivo principal a obsessão por atingir metas, estimulando-se assim um processo educativo centrado na cultura da performance: simulados, rankings, índices, provas e bônus por produtividade que induzem a uma lógica de disputa entre os pares e comparações entre escolas.   As tabelas passam a refletir um modelo de educação baseado em resultados de provas, com critérios de avaliação que se dizem objetivos e generalizáveis, mas que muitas vezes estão descontextualizados da realidade social em que a escola está inserida. A qualidade da educação é reduzida a índices alcançados em testes de rendimento, gerando uma esquizofrenia de valores no interior do processo educativo. Desse modo, as escolas que não têm bons resultados incorporam um sentimento de culpa individualizada pela “queda da qualidade”, sendo vistas como incompetentes pela sociedade por não atingirem as metas previamente estabelecidas pelo poder central.
Como a lógica dessas mudanças visa à diminuição dos gastos com a educação, esse modelo de reforma tende a ignorar outros aspectos importantes do processo educativo: financiamento que garanta uma boa estrutura física para a escola,  acervo de biblioteca, a existência de laboratórios, quadras esportivas adequadas; valorização profissional com plano de carreira atraente;  a relação professor/aluno; o custo aluno-qualidade; a efetivação da gestão democrática; a construção de políticas educacionais pactuadas com as escolas; a política de assistência estudantil visando à permanência e ao êxito escolar; as boas condições de trabalho e a avaliação global das práticas educativas.
A educação é um assunto de interesse público, sendo assim uma verdadeira reforma dever ser fruto de uma construção coletiva com a participação direta dos estudantes, dos educadores e de todos os sujeitos interessados na melhoria da qualidade educacional. Assim sendo, precisamos de uma verdadeira e ampla reforma da educação que considere a complexidade do processo educativo, uma reforma que seja fruto da pactuação social, em que os sujeitos da escola participem ativamente de sua construção. 

Adilson Cesar de Araujo
Doutor em Educação pela FE/UnB




[1] http://g1.globo.com/educacao/noticia/ideb-no-ensino-medio-fica-abaixo-da-meta-nas-escolas-do-brasil.ghtml. Acesso em 19 fev. 17.
[2] http://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2016-09/mec-falencia-do-ensino-medio-impos-urgencia-de-reforma-por-medida. Acesso em 19 fev. 17.
[3] http://g1.globo.com/educacao/noticia/especialistas-alertam-que-ideb-e-insuficiente-para-avaliar-ensino-no-pais.ghtml. Acesso em 19 fev. 17.